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terça-feira, 25 de novembro de 2014

Bicharia – Chico Buarque. (OS SALTIMBANCOS)

Bom pessoal, logo após o post anterior sobre o grande mestre Taiguara, vamos dar continuidade ao nosso velho e empoeirado blog. A próxima música a ser postada e comentada é uma criação do grande mestre Chico Buarque, vocês irão ler muitos e muitos posts a respeito de composições de Chico aqui neste blog, muitos dizem ser uma música bestinha, tonta de um conteúdo tanto quanto infantil, mas na profundidade da análise, iremos redescobrir o real sentido desta canção e deste musical tão conceituado que foram os SALTIMBANCOS. Sabemos que Chico tomou como base a peça do escritor Inglês George Orwell de 1945 A Revolução dos Bichos, a qual tinha como tema principal a revolução Russa, onde os animais que viviam na fazenda, indignados com as condições de vida e trabalho decidiram se juntar e se rebelar contra seus donos e patrões, assumindo o poder da Fazenda, criando assim novas regras de convivência. 


Sendo assim quando Chico adaptou e compôs a peça OS SALTIMBANCOS, o Brasil estava vivendo o auge dos anos de chumbo e da repressão, sendo massacrado e humilhado pelo regime dos coronéis, e na canção Bicharia a qual iremos fazer a análise podemos citar as questões políticas nos seguintes fatos: no trecho em que os bichos fazem seus sons, ao inicio da música, podemos levar como o POVO querendo ser ouvido, mesmo com suas diferenças, eles só gostariam de se expressar, logo em seguida, no trecho em que diz: “O animal é tão bacana, Mas também não é nenhum banana.” Entendemos que o Animal, citado na canção somos nós o POVO Brasileiro, somos todos Bacanas, mas não somos BANANAS ou seja não somos idiotas de não reconhecer que tudo aquilo estava uma grande porcaria.
Avançando para a segunda parte da música, podemos ouvir no trecho:
 Era uma vez (e é ainda), Certo país (E é ainda) ,Onde os animais Eram tratados como bestas (São ainda, são ainda) ,Tinha um barão (Tem ainda) ,Espertalhão ,(Tem ainda) ,Nunca trabalhava E então achava a vida linda ,(E acha ainda, e acha ainda).
O Pais aí Referido é o Brasil, nada mais evidente do que isso, o Povo (Animal) era tratado como besta, não tinha direito algum, não podendo sequer expressar pensamentos, o Barão eram os Generais, que por sinal nunca trabalhavam mesmo, só davam as ordens para que seus subordinados as cumprissem. Muito Espertalhão este Barão
Outros dois trechos importantíssimos da música são onde o POVO se rebela contra o sistema imposto pelos seus Barões, no qual eles dizem:

 O animal é paciente, Mas também não é nenhum demente. Quando o homem exagera, Bicho vira fera, E ora vejam só.

E o trecho:
Mas chega um dia, Que o bicho chia, Bota pra quebrar ,E eu quero ver quem paga o pato, Pois vai ser um saco de gatos
Podemos também definir os personagens desta música os comparando com os personagens reais perseguidos pela ditadura, sendo eles respectivamente:

Jumento:, Músicos e Compositores
Cachorro: Os Militares ( O PELEGO)
Galinha: O Trabalhador da Classe Operaria ,Aposentados, Inválidos
Gata: Os Atores e Atrizes, Jornalistas e Escritores.

 Ouvindo todas as músicas do Álbum, percebemos também o uso das gírias muito usadas pelos comunistas como COMPANHEIRO. O que mais nos deixa estarrecidos é que o disco, a Peça Teatral e a adaptação para o cinema não foram vitimas da censura. Por ser uma peça de apelo infantil, pode ter passado despercebido pelos censores e seu departamento, que com certeza era composto por uma pessoa um pouco desprovida de inteligência! O Álbum 'Os Saltimbancos' em um todo é um grande grito de protesto da sociedade nos meados dos anos 70.
 Resumi este álbum apenas na música Bicharia, pois podemos ter uma pequena noção do conteúdo político que o disco carrega! Espero que tenham curtido mais este post, e fiquem aguardando que temos muitas e muitas surpresas por ai!


Abraços Companheiros até a próxima.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Situação –Taiguara

Depois da grande Obra do mestre Chico Buarque, agora iremos partir para uma época em que a ditadura era maquiada em nosso país.
Nos anos de 1980, o Brasil entrava na suposta “Nova Republica”, a era Sarney, que pregava a redemocratização, porém a podridão facista imposta pela ditadura ainda perdurava de uma forma abafada pela elite política, havendo ainda prisões, censura e tortura.Um grande compositor de nossa música sofrera muito com a situação militar em nosso país, sendo ele o compositor mais censurado naqueles tempos, Taiguara Chalar da Silva, foi compositor de grandes clássicos de nossa MPB como, “Que as crianças cantem livres”, “O Universo no teu corpo”,” Outra Cena” e” Situação”, música qual iremos comentar um pouco mais, não só a musica como todo álbum com o titulo “Imyra, Tayra, Ipy”, lançado no Brasil logo depois que o cantor retorna do seu autoexílio, acarretado pela enorme repressão na época.
Este álbum contava com a participação de diversos instrumentistas da época como, Hermeto Paschoal, Toninho Horta entre outros, porém antes mesmo de acontecer o show de estréia foi brutalmente barrado pelos censores do Governo Sarney, que também fizeram a retirada geral dos discos do mercado fonográfico Brasileiro. Onde depois destes fatos ele decidiu se exilar na África  e Europa.

Segue o Video da Musica para ouvir juntamente com a analise:

Situação, é uma canção que nos remete a pensar na Vitória do Povo Brasileiro contra o Regime Militar, era uma prévia de tudo que iria acontecer no final dos anos 80.Em um trecho da canção, Taiguara diz: “Como é que você vai me dar o que já é meu?”, citando com isto a Liberdade, e em um trecho ele também diz: “Volta sempre um momento na historia em que mais um império deixou de ser, pois assim é o futuro pra nós”, citando claramente o final do “Império dos Generais”, seria por estas fortes críticas e palavras pouco escondidas que os censores terminariam com o espetáculo e com os discos?E como o Grand Finalle, Taiguara termina a canção indagando:” É sair e deixar eu me abrir e tudo acontecer”, tornando o final da canção como um grito de Liberdade!*Obs: Taiguara foi o primeiro exilado e censurado a Gravar um Disco por um selo Internacional, porém por um extravios (Duvidosos)  as copias nunca chegaram ao Brasil, sumiram, sem rastro algum, assim como a matriz do disco.

Letra:

Situação
Taiguara
Não, não adianta não 
A situação já está fora das suas mãos 
Nao, não adianta não 
Não, não adianta não
A situação já esta fora das suas mãos 
Não, não adianta não 
Como é que você vai me dar o que já é meu 
Como é que você vai criar o que já nasceu 
Como é que você resolveu que eu sou livre, 
Agora você esqueceu 
Que só quem pode me libertar sou eu 
Voce diz que esse é o tempo da vida se distender 
Mas quem faz primavera é o inverno nao e você
Volta sempre um momento na história em que mais um império deixou de ser 
Pois assim é o futuro p'ra nos 
Só o que você vai mesmo fazer 
É sair ou deixar eu me abrir e deixar tudo acontecer 
É sair ou deixar eu me abrir 
e deixar tudo acontecer
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Bom Companheiros, é isso, mais um Post, cabeça a mil, pensando e estudando mais canções para postar neste empoeirado e “subversivo” Blog.


Abraços a Todos e a Todas!

Gabriel Gonçalves Cardoso

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Acorda Amor (Chico Buarque)

Bem, nada melhor do que começar com uma canção do mestre Francisco Buarque de Holanda, dramaturgo, escritor e um dos maiores ícones da musica popular brasileira.
Chico exerceu uma grande influencia na nação com suas musicas nos anos de chumbo do Brasil, compunha sempre nas entrelinhas, porém tinha uma missão, quase sempre cumprida. Passar informações e expressar as opiniões do POVO Brasileiro contrario as imposições da "Dura".

Começo hoje com comentários sobre a musica Acorda Amor, composta por "Julinho de Adeláide" pseudônimo usado por Chico.
Foi lançada em 1974, e conseguiu passar pelos olhos sangrentos da Censura, diferente de Cálice e Apesar de Você lançadas no mesmo ano e prensadas no mesmo Disco.

Vou postar aqui o Vídeo da musica (a letra esta no final do post) para que possam acompanhar os comentários com a trilha sonora:


Como podemos ouvir no inicio da música temos, um homem apreensivo e preocupado com a situação que ocorre no momento, onde ele acorda sua esposa por conta de um pesadelo, ouvindo barulhos de sirene e da fechadura da porta, sua preocupação era com a "Dura" ou seja os homens da Ditadura, que vinham lhe buscar, sabendo que nessa época o AI-5 já tinha sido implantado pelo General Costa e Silva, e neste mesmo período teoricamente a tortura já não era mais praticada pelos militares, porém eles enviavam tropas e grupos para buscar os "contraventores" em suas casas, muitas vezes sem causa ou motivos, e levavam além do "procurado" toda sua família, e com o desenrolar da canção o protagonista nota que não era sonho algum, nota que estava vivendo tudo aquilo.
No trecho " Se eu demorar uns meses, convém as vezes você sofrer. E depois de um ano, eu não vindo, Poe a roupa de Domingo e pode me esquecer" são as palavras de um homem para sua mulher, esses meses provavelmente seriam os que ele iria ficar preso, e se caso isso virasse um ano, ou ele estaria no exílio ou teria sido morto pelos agentes do DOPS e DOI-COD´s.
Chegamos a um ponto em nossa historia, que os policiais eram mais temidos que os bandidos e criminosos no Brasil, por isso a ironia na musica quando ele grita "Chama o ladrão, Chama Ladrão" ele estava pedindo ajuda aos Ladrões para se desvencilhar da policia
E no final quando ele diz que , logo chegará a sua hora, não discuta e não reclame, ele estava aconselhando a todos a todos medirem as palavras pois uma coisa um pouco mais "torta" que dissesse você entraria na linha dos subversivos e teria o mesmo fim do protagonista da canção!

Letra 

Acorda Amor

(Julinho de Adelaide / Leonel Paiva - 1974)

Intérprete: Chico Buarque
Acorda amor

Eu tive um pesadelo agora

Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição 
Era a dura, numa muito escura viatura 
minha nossa santa criatura 
chame, chame, chame, chame o ladrão 
Acorda amor
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão da escada
fazendo confusão, que aflição
São os homens, e eu aqui parado de pijama 
eu não gosto de passar vexame 
chame, chame, chame, chame o ladrão 
Se eu demorar uns meses convém às vezes você sofrer 
Mas depois de um ano eu não vindo
Ponha roupa de domingo e pode me esquecer
Acorda amor
que o bicho é bravo e não sossega
se você corre o bicho pega
se fica não sei não 
Atenção, não demora
dia desses chega sua hora
não discuta à toa, não reclame 
chame, clame, clame, chame o ladrão



Bom Pessoal, esse foi o primeiro de muitos posts aqui no Blog.
Espero que tenham gostado e se gostou deixe um comentário ali em baixo e espalhe a ideia para seus amigos e companheiros!

Forte Abraço a todos!